domingo, outubro 11, 2009

Ouvindo jazz na madrugada


Associação livre?
Não. não é o método psicanalítico de Freud. Nesse momento, pode ser tudo o que o leitor quiser que seja. Pode ser o que foi, pode ser o que era, pode ser o que será, pose ser o que é. Nesse momento, pode ser até o que não pode ser.

Nesse momento também escuto uma rádio, fumo um cigarro e penso: porque alguns termos nos remetem a ideias que não se vinculam diretamente ao signicado original da palavra referida?
Por exemplo, às vezes penso em jazz e me lembro da savassi. Tudo bem, a savassi tem lá o seu charme. Calçadas largas, árvores frondosas... Urbanisticamente bela. E o cheiro da savassi? Ah... Perfume das raparigas, senhoritas e damas, flores finas da elite, Crème de la crème de la société flanando pelas praças. Eu sei. A burguesia fede, mas...

Ademais, a influência da art nouveau em sua arquitetura ressoa jazz. O que me faz entender porque, às vezes, me lembro da savassi quando penso em jazz. No entanto, o Jazz é muito maior que a savassi. O jazz perpassa inúmeros estilos, inúmeras cidades, inúmeros espaços. O jazz é livre! Sim, você pode chamar de associação livre se você quiser. Esteja à vontade. Afinal, quando digo jazz e chamo de improviso tudo é possível, vem comigo: proclamamos a liberdade!

Louis Armstrong, John Coltrane and Miles Davis?! Uau. O som - extraído do saxofone e do pistom pelo sopro esgarçado desses caras que sufocam o próprio fôlego, respiram o instrumento e criam a melodia mais bela - mais viva! - esse som me puxa com força pelo braço e me lança no infinito. Isso eu chamo de Liberdade
Estes caras não são homens... São gênios.

Agora dá licença que preciso pingar o meu colírio alucinógeno. Zé Simão não é o único...


quinta-feira, outubro 08, 2009

Fomos eleitos, mas e agora?

O Brasil ganhou mais uma! Vamos sediar mais um grande evento esportivo, dessa vez o Rio de Janeiro foi escolhido como sede das Olimpíadas de 2016. Como dizem por aí nós fizemos barba, cabelo e bigode: entre 2012 e 2016 serão quatro eventos esportivos de nível internacional (Copa do Mundo, Jogos Pan Americanos, Olimpíadas e Para Olimpíadas) que poderá significar muito progresso nas terras tupiniquins, ou não.

A vitória nas eleições para sediar esses eventos mostra a importância que o Brasil vem adquirindo em âmbito global. Atualmente somos apontados como sérios candidatos a figurar na lista dos países desenvolvidos, e isso é reflexo do fortalecimento econômico nacional. Esses fatores geram credibilidade, fato responsável por trazer a confiança necessária para que pudéssemos ser escolhidos como país sede desses espetáculos esportivos.

Porém, será que somos dignos de toda essa confiança? Para sediar esses eventos é necessário que haja investimentos em diversos setores como por exemplo, em infraestrutura hoteleira e de transporte, modernização e criação de complexos esportivos, além de gerar empregos e atrair o foco da mídia global. Portanto é necessário gastar dinheiro, e quando temos grana envolvida em qualquer coisa o que vemos são exemplos de falcatrua e serviços mal feitos.

Um fracasso na organização desses eventos custaria muito caro para imagem de um país que vem crescendo, e muito, no cenário internacional. Mas, se conseguirmos realizar grandes eventos entramos de vez para o rol dos grandes países, e de quebra ainda ganharíamos um enorme crescimento em infraestrutura, que anda tão precária.

Como já estamos eleitos, nos resta ficar atentos às obras e as ações relacionadas à organização desses espetáculos. Afinal o que está em jogo é a nossa imagem, credibilidade e desenvolvimento. Será que dessa vez os nossos políticos vão trabalhar de forma decente? Veremos, afinal o jogo já começou.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Mudança, esse obscuro objeto de desejo...


Associação livre?

Não. Não é uma rádio pirata. O quê? Não! muito menos isso! Valha-me deus. Uma comunidade de associados!? Aqueles clubes fechados baseados na exclusão? Onde só entram membros cujos pré-requisitos foram obedientemente modelados pela ideologia reinante? Tipo Confrarias de maçons, clubes, sociedades, pelamordedeus...

Esses grupos primam pela homogeneização, pelo apagamento das diferenças, pelo anulamento do eu e de todo o repertório de identidade dos membros que as compõem, com exceção, é claro, daquele traço-característica indispensável para a permanência no grupo... Falo isso porque eu sou múltiplo. Assim como você é. Todos nós possuímos identidades multifacetadas.

Ninguém possui uma única identidade, mas sim um repertório de possibilidades inúmeras. Concordas? "Eu sou vários, eu somos" já dizia o cronista... Então- voltando à vaca fria- para se inserir no grupo é preciso passar por testes, no mínimo por uma avaliação, um procedimento de exclusão (a maioria chama de seleção), mas, de fato, quem sofre a exclusão é, paradoxalmente, o novo integrante, o vencedor e não o dito fracassado, eliminado, "injustiçado" ou "sortudo"-sortudo no meu ponto de vista. Por quê?

Bom, porque em sua convivência diária com o novo grupo,clube, confraria, sociedade ou sei lá como você prefere chamar, o novo participante - ser humano de potencialidades infindáveis - será visto e reduzido ao ponto comum que o liga aos demais membros do grupo. O ponto de uniformização. Justamente o ponto que garantiu sua entrada, sua aceitação no clube. Isso determinará, portanto, um exercício constante desta característica, desta identidade em detrimento de todas as outras que o constituem. Assim, o sujeito, que antes era um painel gigantesco, uma cartolina de proporções estratosféricas (pode escolher a metáfora), se tornará, apenas, e em pouco tempo, um mero recorte circunscrito, fragmentado. Excluídos e reprimidos serão todos os seus sonhos, suas fantasias, sua vontade de viver outras verdades que fazem parte dele(a), mas que ele(a) não pode ser naquele lugar. O grupo fechado é estático. Paralisado. Cheio de grades e restrições.

Como diz Heráclito, uma solução em um frasco, se não é agitada, perece. É preciso: atitude, ação, movimento, metamorfose: Mudança! Porque viver é mudar... Concordas?


P.s.: o leitor pode me perguntar: Mas se a Associação é livre, porra, não existe pré-requisito, não existe porra nenhuma de seleção, a associação torna-se heterogênea e múltipla, construída a partir das diferenças, das contradições, você falou um monte de merda que não tem nada a ver com a proposição inicial da associação livre.

Concordo plenamente e respondo que, na verdade, minha intenção original era debater o método psicanalítico proposto por Freud. No entanto, as palavras têm vida própria. Não são controladas por nós. Seguem livres, sem amarras, já dizia o próprio Freud em sua teoria que, inclusive, contempla muitas das questões abordadas acima. Só não vou me adentrar agora.

De uma forma ou de outra, o que importa é o ponto de ?