terça-feira, agosto 30, 2011

Divagações


Certa vez sentei em frente ao computador na esperança de que as palavras fluíssem, que a tela em branco aos poucos se inundasse com as palavras e aquelas letras soltas aos poucos terminassem em uma crônica, um conto, um romance, uma dissertação, um editorial ou qualquer coisa significante que preenchessem esse espaço vazio deixado por mim nesses meses em que, sem muita explicação lógica, eu abandonei esse blog.

Era muito fácil justificar essa ausência literária através do trabalho, mas redigir um texto jornalístico não é uma prática literária? E nesse quesito exercitava diariamente, porém qual era a razão que me levava a uma inércia que de algum modo me impedia de vir aqui e deixar o pensamento correr nessas divagações?

Resolvi sentar e escrever. Tinha certeza que produziria algo, nem que precisasse chegar a um ponto de exaustão mental, mas de uma forma ou de outra iria voltar a publicar, afinal, como bem definimos o nosso espaço virtual, “a chave de todas as ciências é, inegavelmente, o ponto de interrogação” [Honoré de Balzac]. E porque não definir o exercício da escrita como uma ciência? Está certo que para isso não existe nenhuma regra matemática ou uma razão lógica, mas a sua prática exige uma constante reflexão, um retorno recorrente aos nossos inúmeros pontos de interrogação e, ao final de uma página redigida, traduz algo que nos traz algum sentido.

Conclusões óbvias, palavras vazias. Talvez era isso que eu temia, mas não estou preocupado, às vezes é necessário deixar que as frases apareçam e sejam largadas na página e simplesmente deixar a cabeça trabalhar. Tudo isso, no fim, é bastante relaxante. Não a nada melhor do que assistir o seu pensamento tomando forma ali, bem na sua frente. Uma letra depois da outra, uma palavra depois da outra e um parágrafo depois do outro. Simples divagações.

Aos poucos os pensamentos se dissipam e, como em uma longa baforada, se esvai com a chegada de mais um ponto final. Assim, simples.

terça-feira, agosto 02, 2011

Construindo pontes

"nunca entendi porque as pessoas constroem muros ao invés de pontes..."

Quem nunca ouviu essa frase na vida pode pegar a primeira pedra aí e atirar na minha testa. Mas mira direito! Se você errar... já sabe: é minha vez!

Hora de falar sério. Desde a minha adolescência eu vejo essa frase no google, em frases nos cadernos da amigas, em agendas, em calendários, em tudo o que possa soar piegas e mesmice. Mas é uma frase que sempre me fez um sentido impressionante. Sempre concordei com o trocadilho "fazer ponte" para relações humanas. E sempre pensei bem friamente a respeito disso.

Já perdi as contas de quantas pessoas (que conheço) que têm a capacidade de subir muros enormes em torno de si mesmo. Pedreiro? Tijolo? Cimento? Nada disso! Usam mesmo é raiva, mágoa, má-vontade, grosseria. A eles, parece mais eficaz. A mim, parece mais triste.

Se isolar é um direito divino de cada um. Todo mundo precisa fugir do mundo uma vez na vida, ou duas. Mas ninguém tem o direito de obrigar quem se importa a observar o isolamento tão de perto. É cruel!

Claro que sou a favor das pontes! Lógico que sigo construindo as minhas com afinco. Em muitas vezes elas são longas... muito longas... pontes de me ligam a quem está muito distante. Mas está ali, firme e forte.

Tenho também uma ou duas pontes de bases muito fundas. Metros e metros de concreto enterrados em rios profundos. São pontes robustas, largas, onde circulam todo tipo de pessoas e veículos... mas estão lá. Inabaláveis.

Já construí pontes lindas... de madeira nobre... de beiral enfeitado... daquelas que você já constrói sabendo que vão ficar apenas na memória. Você não vai voltar depois que estiver pronta. Mas sabe que ela está lá.

Mas a pior sensação é quando você se dedica na obra de pontes que acabam virando pinguelas! Bambas, frágeis, estreitas, sem firmeza. Chega a dar medo ir! Quanto mais voltar! Mas sabe o quê? São as pinguelas que levam às relações que você mais preza. Pode prestar atenção. Você nunca se esquece delas, por mais torturante que seja fazer a travessia.

Eu poderia passar horas escrevendo sobre todas as pontes por onde já passei e sobre as que eu construí em direção às pessoas. Mas eu gosto mesmo é de lembrar das que foram feitas especialmente para chegar a mim.

Uai, você não? Não te alegra saber que alguém dedicou horas, meses, quiçá anos, se dedicando a pensar em uma bela ponte para conseguir alcançar você??? Então não sabe o que é se sentir importante na vida.

Está na hora de rever suas relações... não é?!