sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Carnaval


Amor de carnaval termina na quarta-feira de cinzas. Não é? Não sei... mas lembro de você parada no gramado do alto da praça. Bela praça. Região mais elevada, mais de 1.500 metros de altitude. Música, violão, percussão, djam-bê, barzinho improvisado no meio da natureza. Avistava toda a cidadela, a Igreja ao meio, ao redor casebres do século XVIII e suas janelas sapientes. Janelas que olhavam de olhos fechados. Sim. De olhos fechados. Não, não eram os teus que, de tão abertos, pareciam tocar a minha alma. De fato tocaram. Olhos castanhos circunscritos pelo aro de acetato preto. Óculos contrastados com as madeixas douradas de teus cabelos. Olhar profundo e fixo. Minha respiração parou durante um tempo. Suspiro. Nunca pensei que fosse possível. A sensação que senti? Nunca pensei que fosse possível. Senti que te conhecia. Mas não era verdade. Era? Você não me disse nada. Não me disse nada! Mas entendo. Eu também não lhe disse nada. Não poderia. Não faria sentido. Não era necessário. Nossos olhos trocavam palavras. Teus olhos diziam versos. Nos dizemos sem nos falar.

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