terça-feira, dezembro 23, 2014

Seguimos... sorrindo!




Balanço de 2014: positivo! Totalmente positivo!

Viro o ano comemorando idade nova! Mas certas coisas não mudam. Fui reler o texto do ano passado para me inspirar e me surpreendi descobrindo que pouca coisa mudou!

Assim eu disse: "E, sobretudo, sou uma jornalista ainda mais certa de que escolhi o ofício que melhor conseguiria desenvolver. Portanto: satisfação profissional - OK."

E assim eu reforço: a cada dia estou mais feliz profissionalmente. É sempre uma luta, é sempre corrido, é sempre cansativo. Isso é normal. Se as coisas caminham às mil maravilhas, a gente tem que desconfiar. Nesse ano, fui desafiada e acho que, aos trancos e barrancos, me saí bem! E, pesando prós e contras, dá pra fechar o ano com um sorrisão de satisfação.

2014 foi um ano desafiador. Passar por sustos e surpresas pareceu a ordem do ano. E descobri que as coisas realmente só acontecem na hora certa. Cada susto e incerteza veio acompanhado de momentos recompensadores. Cada surpresa, gerou bons frutos. É incrível perceber que mesmo nos momentos mais difíceis, tensos, tristes ou decepcionantes, alguma coisa boa surgia dali.

Se há algo que não posso fazer é reclamar. Meu ano me deu, de forma proporcional, tudo o que me foi tirado. Muitas vezes não na mesma moeda e outras tantas vezes não no mesmo momento. Mas foi em igual proporção. Para cada lágrima, um sorriso. Para cada perda, um presente. Para cada ausência, uma nova presença. E assim, segui meu ano me sentindo recompensada.

Meu 2014 me permitiu coisas impagáveis: ser uma filha melhor, uma irmã melhor e ser tia! Não há com o que comparar a possibilidade de tornar mais fortes os laços que jamais serão desfeitos. Todas as famílias passam por problemas e por crises... mas entramos e saímos das nossas nos amando mais e nos apoiando mais. Ver minha família crescendo foi o maior presente do meu ano.

Obrigada 2014 pelos reencontros inesperados, as relações intensas e os amores rápidos. Tudo valeu à pena. Tudo foi vivido como se deveria. Eu faria tudo de novo, do mesmo jeito. Todas essas experiências serviram para eu ter certeza de quem sou e de que não quero mudar. Amo muito, sofro muito. E continuo vivendo com a certeza de que não deixei passar um único sentimento. Viver sem arrependimentos é uma benção difícil de se conseguir... e eu sigo na luta.

No ano passado eu disse ainda: "Mas a coisa mais importante que me aconteceu nesse ano foram os anjos que Deus me mandou em forma de amigos. Os novos e os antigos. Aquelas pessoas que vieram chegando devagar e conquistando seu lugar na minha vida. Aquelas que chegaram como um meteoro, detonando tudo. E aquelas que sempre estiveram ali dando colo, companhia e conforto. O meu ano foi extremamente especial porque descobri que o que agrega valor nessa vida é o que você transmite de bom para as pessoas que te querem bem. E, principalmente, o amor que elas mandam de volta. Se Deus me permitir estreitar os laços de amor que venho construindo e possibilitar novos laços de bem querer, ja terei ganhado tudo o que preciso!"

Não mudo palavra alguma! Acrescento uma gratidão imensa a essas pessoas que fizeram o meu 2014 mais leve, mais divertido, mais memorável, mais feliz e, principalmente, mais recompensador. Seguimos, juntos!

O que eu desejo para 2015? Motivos para sorrir, apesar de tudo!

quarta-feira, julho 23, 2014

manifesto pela leveza



Fica aqui registrado meu mais novo manifesto para a melhoria da convivência humana: coloque pra fora o que te incomoda! Esse talvez seja um dos maiores clichês que já escrevi na vida... mas é inevitável!

Num mundo onde compartilhar os mais íntimos desejos e segredos se tornou banal, isso parece uma bobagem. As redes sociais estão apinhadas de #partiudetudo, então peço a gentileza de sermos mais honestos com nós mesmos e começar a adotar a simples postura do #partiusermaisleve. E como ser mais leve eu não estou sugerindo #partiuacademia.

A leveza é talvez uma das coisas mais difíceis de se atingir na vida, porque exige desapego, força de vontade, coração aberto, amor ao próximo, sublimação, elevação de espírito, bondade, gentileza, bom humor, saber rir da vida.

A gente passa a vida toda enfrentando desafios, superando obstáculos, vencendo demandas, driblando situações inesperadas. A improbabilidade e a inconstância são inerentes à vivência humana... não dá pra escapar. A questão está em como se passa pelas situações desagradáveis que a vida nos impõe.

Quantas pessoas na vida nós conhecemos que parecem caminhar por aí carregando 500 quilos de pedra nas costas? E quantas delas olham para o próximo como se fossem jogar essas 500 pedras na direção deles? Elas simplesmente não souberam passar pelas dificuldades sem trazer para os ombros os dissabores, as mágoas e os sofrimentos.

Imagina a tortura de só conseguir lembrar e andar arrastando as correntes das coisas ruins que te aconteceram? O peso deve ser insuportável.

Por isso o manifesto! Coloca pra fora, amigo! Para de engolir as coisas ruins e começa a vomitar isso aí. Situações desagradáveis, momentos doloridos, perdas irreparáveis, decepções... tudo isso vem, mas tem que ir. Para de guardar o que te fez mal! Supere e vai ser feliz. E por felicidade entenda: o que te põe um sorriso no rosto... desde ficar descalço depois de um dia inteiro com um sapato apertado até comemorar 50 anos de um casamento cheio de amor!

E digo mais, vamos todos lutar pela meta de sermos mais leves! Para isso, vou usar as palavras da jornalista Leila Ferreira:

"Tem gente que vem pro mundo de caminhão e tem gente que vem de bicicleta. Acostumada a arrastar baús cheios de ansiedade e de medos, tive certeza, naquela hora, de que estava na outra turma: a das carretas com excesso de carga. (...) Quando penso em leveza, penso na possibilidade de sermos pessoas capazes de deixar o mundo menos opaco, menos pesado, menos inerte. Pessoas que se sentem melhor com elas mesmas são mais agradáveis, mais delicadas, mais generosas. Acima de tudo, pessoas que conseguem fazer a viagem (cada vez mais rara) de sair delas próprias para enxergar o outro - e o outro pode ser o colega de trabalho, o filho, a amiga de infância, o vizinho, o marido, a namorada, o paciente que esperou vários dias pela consulta, o porteiro do prédio."

quinta-feira, junho 12, 2014

dia dos namorados!


Então é dia dos namorados. De novo! E como sempre nada muda! As mesma mensagens melosas em redes sociais, os mesmos anúncios românticos em páginas de revistas, as mesmas rosas vermelhas nas portas das floriculturas, os mesmos perfumes em versões masculina e feminina nas vitrines e todos os outros clichês que envolvem a data.

E veja que eu não falei aqui da situação em que eu e você estamos... na verdade pouco me importa se sua vida amorosa anda às mil maravilhas ou se está descendo barranco abaixo a caminho do fundo do poço. Isso é pessoal, intransferível e não me diz respeito.

Nessa época do ano os fenômenos comuns são: comprometidos esperam horas em filas de restaurantes e motéis para comemorar a data, solteiros passam o dia planejando a quantidade de consumo alcoólico exagerada da noite e os recalcados gastam seu tempo esfregando o ódio pelo mundo na cara da sociedade.

Já eu, depois de anos honestos de questionamento por não ter um carinha bacana pra chamar de namorado, descobri - tardiamente - que tenho, SIM, um amor pra chamar de meu! EU!

Vamos lá, minha gente! Se você não tem pra quem dedicar todo o seu romantismo entubado anualmente, dedique a você mesmo! Se não por vontade, o faça por merecimento! E, sim, você merece ganhar chocolates, flores, perfumes, comida boa e vinho de qualidade hoje! Se ninguém te der, compre!

Se a sua intenção é descolar um namorado de qualquer jeito, aprenda: ninguém é atraente aos olhos dos outros se não for atraente aos seus próprios!

E na pior das hipóteses apele para o uísque. Se para alguns ele é o cachorro engarrafado, porque pra você ele não pode ser o amor líquido?

Mas, aqui entre nós, tire esse bico da cara, guarde as reclamações na gaveta, enterre o drama e esqueça o papel de vítima mal amada.

Quer passar o dia dos namorados com um sorriso no rosto? Já tentou simplesmente movimentar os lábios?

E feliz dia dos namorados!



quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Salvação

Eu descobri a poesia tarde
Não como escrevê-la
Não como entendê-la
Mas como senti-la

O poder de síntese
De comprimir em poucas palavras
Os sentimentos
E de criar imagens de uma vida

Eu descobri a poesia tarde
Não como escrevê-la
Mas que ela salva
As almas maculadas pelo horror

O horror da vida
O horror do amor
O horror da falta de humanidade
Descobri que ela salva, a poesia

sábado, fevereiro 22, 2014

Por um pouco de Dean Moriarty

Cidade pequena, cidade grande
Ponto de partida, ponto de estada
Quando a alma está agitada
Para as linhas montanhosas
                                         [olhe]

Para a divisa ensolorada
Um pé na estrada
Somos os viajantes solitários
Buscando conhecimento sobre
                                            [nós]

Terra, pedra, relva, asfalto
Talvez vagabundos iluminados
Seguindo arte, fazendo caminho
Por aqui e ali espalhando versos nus
                                                    [corações]

Nos subterrâneos da alma
Apesar d’uma profunda tristessa
Não ceda e nem esmoreça
Para olhos atentos sempre tem um
                                                  [sorriso]

terça-feira, fevereiro 18, 2014

Saudade

Um encontro
Que de tão inesperado
Quase nos faz crer no acaso
E se entregar ao torpor
                       [do amor]

Um encontro
Intenso, ardente, quente
Que transforma minutos em eternidade
Que congela a vida

Um encontro
Na infinidade daquele momento
O transforma em um relacionamento finito?
Marcado para acabar?

Um encontro
Com prazo de validade
Que entre beijos e abraços
Se perde na memória

                   [e morre na saudade]

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Sempre haverá tempo para um café


Folheava um antigo caderno em que costumava anotar pensamentos diversos e um sem número de pequenas reflexões. Ali era o reduto de tudo aquilo que um dia esperava escrever. Todas as minhas divagações reunidas em um bloco de capa preta. A cada página virada o sentimento de frustração aumentava. Nada, absolutamente nada estimulava alguma ideia que pudesse colocar em algumas linhas.

A necessidade de se criar um sentido para tudo já não se apresentava como uma ideia interessante. Alguém disse uma vez que a raça humana se dá importância demais. E essa arrogância natural do ser humano é que provoca uma eterna sede de poder explicar tudo, saber tudo. Mesmo que isso, na maioria das vezes, nos leve a um estado de imbecilidade tremenda. O que não foge muito de nossa natureza. Que terrível ironia.

Religião, ciência, política, economia, imprensa, sistemas, sistemas e sistemas. Um amontoado de teorias e ações que ao mesmo tempo que tentam nos organizar em um grupo – e cada vez mais coeso, ó céus – tentam gerar um sentido para nossa vida. Estude, arrume um emprego e construa uma carreira. Case e tenho filhos. E consuma, consuma, consuma. Mantenha o sistema funcionando e aos domingos compareça à missa.

Tudo isso me parece bastante sem sentido. As nossas vidas transcorrem sem escolhas – por mais que pensamos ao contrário –, pois tudo o que fazemos é para se enquadrar a um grupo e se tornar mais uma peça que fará com que a engrenagem funcione. Eu não preciso criar sentidos ou explicações. Quero minhas escolhas. E que se dane todo o resto!

Enquanto nos perdemos em um mundo de divagações todo o universo segue o seu rumo. Totalmente indiferente ao que acontece com a raça humana. Somos insignificantes. O tempo irá nos sobrepor. O meu velho caderno de capa preta continuará abrigando os meus pensamentos e seguirei procurando uma nova inspiração em cada esquina. E mesmo assim o tempo irá nos sobrepor – totalmente indiferente.

Sempre haverá um amanhã: o sol nascerá e irá se por. Bebo mais uma xícara de café e fumo outro cigarro enquanto observo o sol se por mais uma vez. Continuarei seguindo sem a obsessão de ter um porque para tudo. Não preciso trocar o meu viver por respostas mirabolantes. De onde vim e pra onde vou? Não tenho a menor ideia, mas sigo meu caminho em paz. Enquanto tiver uma boa xícara de café em minhas mãos sei que o sol continuará a nascer. E isso me basta.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Ideias perdidas em um papel em branco



Estava sentado há horas em frente à máquina de escrever e a folha continuava em branco. Não conseguia colocar um só pensamento no papel que pudesse me render um conto, crônica ou poema. Aquele vazio começava a me desesperar. A garrafa de café se esvaziava em uma velocidade impressionante e o cinzeiro já acumulava um grande número de bitucas de cigarro. Tinha uma grande necessidade de escrever, mas ainda assim não conseguia.

Os pensamentos voavam pela minha cabeça e conseguiam escapar antes mesmo que formulasse uma palavra. Em certos momentos a mente trabalha a mil por hora transpassando em um cem números de ideias sem que nenhuma se consolide em algo concreto. Um tamborilar de pensamentos que retumbam em nossas cabeças sem que ganhem eco.

Incrível! Até as metáforas eram fracas e não mereciam se quer uma nota de roda pé. Ê árduo o trabalho de escrever.

Às vezes aquilo que mais gostamos de fazer pode se tornar um verdadeiro martírio. Não porque perdemos o gosto, mas por simplesmente termos uma vontade de fazê-lo constantemente como se fosse um processo industrial ou uma obrigação. Sentar em frente a uma máquina de escrever, ajeitar o papel, escrever e os pensamentos se transformarem em linhas como em passe de mágica. Nem tudo é tão simples como pode parecer.

Em certos momentos as palavras brotam como se viessem de uma fonte infinita de ideias. Disparam pelos nossos dedos direto para o papel sem a necessidade de nenhum filtro ou reflexão complexa. É tão natural. Em outras os parágrafos surgem forçadamente como se fossem obrigados a estar ali. Simples necessidade de escrever. Mas perde o apuro – e parte da beleza.

Esses momentos me angustiavam. Faziam-me sentir vazio e que algo faltava. Experiências, histórias, conhecimento... a vida parecia seguir sem que nela estivesse presente, apenas passando. E é assim que a tristeza nos atinge em cheio. Precisava escrever, escrever e escrever.

Os pensamentos continuavam a voar pela cabeça. E como num bater de asas insistiam em escapar. Resolvi levantar e preparar mais café. Quem sabe aquele cheiro do café sendo coado não desperte algo relevante a se escrever. Afinal a folha continuava em branco enquanto a vontade de escrever persistia – como se fosse um terrível aperto no peito.

Crédito: a foto é da máquina de escrever de Paulo Leminski e integra o acervo da exposição "Múltiplo Leminski".