quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Sempre haverá tempo para um café


Folheava um antigo caderno em que costumava anotar pensamentos diversos e um sem número de pequenas reflexões. Ali era o reduto de tudo aquilo que um dia esperava escrever. Todas as minhas divagações reunidas em um bloco de capa preta. A cada página virada o sentimento de frustração aumentava. Nada, absolutamente nada estimulava alguma ideia que pudesse colocar em algumas linhas.

A necessidade de se criar um sentido para tudo já não se apresentava como uma ideia interessante. Alguém disse uma vez que a raça humana se dá importância demais. E essa arrogância natural do ser humano é que provoca uma eterna sede de poder explicar tudo, saber tudo. Mesmo que isso, na maioria das vezes, nos leve a um estado de imbecilidade tremenda. O que não foge muito de nossa natureza. Que terrível ironia.

Religião, ciência, política, economia, imprensa, sistemas, sistemas e sistemas. Um amontoado de teorias e ações que ao mesmo tempo que tentam nos organizar em um grupo – e cada vez mais coeso, ó céus – tentam gerar um sentido para nossa vida. Estude, arrume um emprego e construa uma carreira. Case e tenho filhos. E consuma, consuma, consuma. Mantenha o sistema funcionando e aos domingos compareça à missa.

Tudo isso me parece bastante sem sentido. As nossas vidas transcorrem sem escolhas – por mais que pensamos ao contrário –, pois tudo o que fazemos é para se enquadrar a um grupo e se tornar mais uma peça que fará com que a engrenagem funcione. Eu não preciso criar sentidos ou explicações. Quero minhas escolhas. E que se dane todo o resto!

Enquanto nos perdemos em um mundo de divagações todo o universo segue o seu rumo. Totalmente indiferente ao que acontece com a raça humana. Somos insignificantes. O tempo irá nos sobrepor. O meu velho caderno de capa preta continuará abrigando os meus pensamentos e seguirei procurando uma nova inspiração em cada esquina. E mesmo assim o tempo irá nos sobrepor – totalmente indiferente.

Sempre haverá um amanhã: o sol nascerá e irá se por. Bebo mais uma xícara de café e fumo outro cigarro enquanto observo o sol se por mais uma vez. Continuarei seguindo sem a obsessão de ter um porque para tudo. Não preciso trocar o meu viver por respostas mirabolantes. De onde vim e pra onde vou? Não tenho a menor ideia, mas sigo meu caminho em paz. Enquanto tiver uma boa xícara de café em minhas mãos sei que o sol continuará a nascer. E isso me basta.

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