segunda-feira, junho 21, 2010

Pré-compreensão do Estado Moderno


Para podermos compreender o Estado moderno temos que visitar as obras de grandes autores como Machiavelli, que demonstra o significado do absolutismo para construção do Estado nacional.

Maquiavel foi secretário da segunda chancelaria da República de Florença, diplomata, historiador, poeta e dramaturgo. Ele representava um arquétipo renascentista, ou seja, um belo bom vivant. No seu livro, “O Príncipe”, escrito em 1513, o florentino apresentava-se como o primeiro cientista político a desenvolver o conceito político de Estado, observando as duas formas de poder preponderantes na fragmentada Itália: a República e o Principado. Maquiavel estudou, em particular, as exigências do governo de um homem só, despertando polemica, razão pela qual o livro foi colocado no índex da igreja católica, em 1559. Segundo Gramsci, “O Príncipe” trata-se de um livro vivo, no qual a ideologia e a teoria política se fundem na forma dramática do mito, símbolo de uma vontade coletiva.

Maquiavel deve ser analisado em seu contexto histórico. O pensador italiano foi fiel à sua época e à sua classe ao justificar a organização das monarquias nacionais absolutas como forma política do Estado moderno, o que permitiria e facilitaria um ulterior desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo.

O autor florentino recorre, constantemente, à metáfora, destilando sua fina ironia para caracterizar os homens como seres malignos, ingratos, volúveis, hipócritas, dissimulados, gananciosos e temerosos ante os perigos. Tais atributos negativos integram a natureza humana e demonstram que o conflito e a anarquia são desdobramentos necessários dessas paixões e instintos malévolos. Segundo Verdú, essas bases antropológicas da concepção maquiavélica explicam seu ceticismo em relação às possibilidades de permanência das repúblicas e sua esperança em um príncipe audaz, enérgico, dotado de virtú, protegido pela fortuna, que possa libertar a Itália de seus invasores.

Para Maquiavel o poder só pode ser conquistado através das seguintes formas: Virtù (realidade subjetiva que exige atitude dinâmica do governante, o qual deve ser dotado de sabedoria e ambição dos grandes fundadores do Estado), Fortuna (acaso ou sorte que sempre deve acompanhar o governante, constituindo-se numa realidade objetiva e mutável), vis ou força (o governante pode e deve fazer uso da força quando julgar necessário para a sua ascensão e manutenção no poder, utilizando-se de ações aceleradas e nefandas ou do favor dos outros concidadãos) e Consentimento dos cidadãos (o governante, dotado de astúcia afortunada, logra a anuência ou a ajuda de seus compatriotas em sua ascensão ao poder, ao configurar o principado).


P.S.: Este texto é uma cortesia de Victor Sampaio para os leitores do Interrogação.

4 comentários:

  1. massa! Em vésperas de eleições você nos oferece um estímulo a buscar aprendizado pra esquentar - num inverno que promete ser congelante - os papos serradilmarinasilvianos nos encontros, festas, bares, mesas de carteado e viagens longas e chatas. valeu!

    O que maquiavel diria sobre as campanhas na internet? hein?

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  2. Acho que toda pessoa deveria ter um conhecimento de teoria política para poder compreender melhor os aspectos que regulam nossas relações, além de entender as estruturas do Estado.

    Bom texto Vitasso e seja bem vindo a Equipe Interrogação!

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  3. Esse artigo é um verdadeiro vinho. Sofisticado e muito bem escrito. Notável. Nos brindaste com especiaria fina.

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  4. Cultura nem sempre é demais!! Victor cultura pra galera!! Façam dele as minhas palavras!! Vitassssssso mandou muito bem!!
    Bjos Binha

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