quinta-feira, julho 21, 2011

crítica de um itabirano crônico

Há alguns meses, observando os noticiários estrangeiros, temos visto uma crescente mobilização dos povos pela participação nos regimes políticos. Na França a reforma da aposentadoria leva um mar de pessoas às ruas, centenas de milhares de jovens desempregados questionam a diminuição da qualidade de vida no país e clamam por uma “democracia real”. Junta-se a eles o movimento espanhol dos “indignados”, que enfrentam grave crise econômica. Gregos em greve geral, argentinos em panelaços. E o mundo árabe, países inteiros ocupando ruas e praças, derrubando regimes autoritários que os reprimiam há décadas.


Como um jovem brasileiro venho me perguntando o que está havendo. Desde que comecei a procurar respostas, percebi que elas não aparecerão assim facilmente. Poderia trabalhar com teses, buscand o confirmações, mas me parece não existir uma fórmula. Os países são diferentes, as pessoas têm culturas e objetivos distintos.

Considero importante nesta abordagem as referências que nós, povo de Itabira, poderíamos retirar destes exemplos espalhados pelo mundo. É evidente que existe uma insatisfação geral da população itabirana com as políticas adotadas nas últimas administrações municipais. Até então, nada muito diferente, pois como vemos, existe gente insatisfeita por todos os cantos. O que me tranquiliza muito é ver que as pessoas, mesmo tendo a beleza das ruas parisienses, o calor das praias gregas ou o bom futebol do Barcelona, se dispõem a lutar pela melhoria constante de suas vidas.


No Brasil também há exemplos. Várias manifestações populares vêm acontecendo nas terras tupiniquins: desde a “marcha da maconha” até “marcha para Jesus”, passando por greve dos bombeiros cariocas e a criativa idéia da ocupação da “praia da estação” em Belo Horizonte. Independente dos méritos é incrível poder contar com iniciativas como estas, cada vez mais comuns em nosso tempo, onde infelizmente a rotina costuma se sobrepor às ações que partem do indivíduo e atingem o coletivo.


Um fator central neste tipo de mobilização da sociedade contemporânea é, sem dúvida, a internet. Este mecanismo de interação por si só já representa uma revolução no modo de vida social. A internet é um ponto de convergência que estimulou a vontade de ser, pelo fazer. Possibilitou o encontro, retomou o gosto pelos debates, viabilizou-os dentro de um cotidiano atarefado em que vivemos. Potencializa a transformação. É uma nova atitude, onde tantas revoluções vêm acontecendo. Nos países democráticos o debate se incendeia, as mídias de massa são desmistificadas pela comunicação online, enquanto nos países autoritários movimentos clandestinos são autenticados e fortalecidos pelas redes sociais.


Talvez isto possa significar uma revolução em nosso comportamento social. São gritos de liberdade cada vez mais difíceis de serem abafados.

Todos nós deveremos nos adaptar: os mercados de consumo, as relações pessoais e o próprio conhecimento. A imprensa perderá seu papel de difusora da informação e da consciência democrática? Alexis de Tocqueville, pensador e historiador político que escreveu sobre as democracias ocidentais, se impressionou, ao desembarcar nos Estados Unidos no meio do século XIX, com a quantidade de jornais que havia ali. Para ele aquilo era um indício de uma democracia forte. Pois a informação deve percorrer com liberdade entre as pessoas, que devem obtê-la através de fontes distintas e ind ependentes umas das outras. Volto a perguntar: a imprensa perde vitalidade face às novas mídias, implicando risco de um retrocesso da democracia?

Não acho. A verdade é que estamos frente a uma expansão dos meios de informação que vem transformando em escalas extraordinárias todas as esferas das relações políticas. Em qualquer lugar, seja em qual instância de poder, mesmo que ainda minimamente, a internet já apresenta as influências de suas virtudes.


Itabira tem luz, tem movimento, tem som, mas também tem sombras. As sombras são mais fortes quanto mais forte é a luz. Pelas estórias que ouvia, concluí que o itabirano sempre buscou a luz. Possui uma terra fértil para a arte, para belos encontros e transformações. Minha proposta é que se aqueçam os debates, pois creio que a vida está mudando a rotina, principalmente.


O que vemos hoje em nossa cidade é a necessidade de uma revolução do comportamento. O tempo está aberto para isso. Há ferramentas para a ação. Percebo uma enorme vontade das pessoas com quem converso. Parece-me que esta é uma boa hora para Itabira pensar em voltar aos trilhos, pois a locomotiva sente saudades de seu maquinista chefe, o povo Itabirano.

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