segunda-feira, março 05, 2012

os dispostos se atraem


Sou uma mulher de referências. Apesar de sustentar com firmeza o que escrevo, gosto de assumir minha total incapacidade de me igualar com pessoa que o fazem com maestria. É pública e notória que uma das minhas formas preferidas de iniciar meus textos é citando mestres no uso das palavras. Não vou fugir dessa regra singela que criei para que todo mundo entenda de primeira sobre o que vou falar nos próximos parágrafos.

O, sempre surpreendente, Fernando Anitelli e seu Teatro Mágico, tem uma música que diz: "Só me resta agora acreditar que esse encontro que se deu não nos traduziu melhor... a conta da saudade, quem é que paga?"

Sabe o que é mais incrível nessa música? Ela descreve com melancolia e tristeza uma relação que foi vivida com a intensidade que merecia. Aqui não cabem sentimentos mornos. Portanto também não cabem arrependimentos. A música explica que só o que se pode suportar é a dor de não ter dado certo. E saudade que fica de tudo o que foi bom, mas que não foi eterno.

Pra mim, isso significa conformidade. E não entenda como algo ruim, porque não é. É a simples sensação de se ter feito todo o possível. Nem sempre há que se apontar um culpado para histórias que não acontecem como gostaríamos. Há que se conformar com o fim. O que deve restar, no final de tudo, são os bons momentos que construíram lembranças que valham a saudade de outrem.

Você sabe que isso acontece na sua vida constantemente, né?!

Aquela música que marcou o seu primeiro beijo. Os livros com dedicatórias que estão esquecidos na sua prateleira mais alta. Aquela agenda de escola que você guardou no fundo da gaveta. Os cd's que ganhou de presente de aniversário, há muito abandonados num canto do armário. Cartas que escreveu e nunca mandou. Comentários cheios de entrelinhas nas redes sociais. Fotos escondidas entre outras fotos nos álbuns que você nem sabe onde estão. Textos em blogs de amigos que parecem ser escritos para você.

Todas essas recordações estão ali, sempre perto, sempre presentes, sempre guardadas com carinho... sempre esperando o momento certo de serem usadas. Talvez você só precise de alguém para te mostrar que nem tudo o que não deu certo, vale à pena ser esquecido.

Todo mundo merece ser lembrado - e amado - pelas coisas boas que fez pelo outro. Por momentos que realmente tenham sido apaixonantes. Eu sei, nem tudo que é inesquecível é bom. Mas porque se apegar ao foi ruim, quando sabemos que quase nunca é o que se destaca.

As pessoas que conheço, que passaram por relacionamentos extremamente conflituosos, começam falando em mágoa, rancor, amor que acaba... mas terminam falando em bons momentos, risos soltos e amor correspondido. Sabe o que isso significa? Esperança. Esperança honesta e cristalina de poder passar por tudo isso de novo... mas que dessa vez seja eterno.

E no final das contas não é para isso que todos vivemos? Para que a esperança de novos amores nos mantenham vivos, mas nunca céticos. O mesmo Fernando Anitelli também diz, com convicção, que "todo sopro que apaga uma chama, reacende o que for pra ficar".

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