sexta-feira, outubro 19, 2012

menos carão, mais carinho



Em um tempo em que o culto ao corpo, à estética e às aparências toma conta das prioridades humanas, está cada dia mais difícil encontrar alguém para chamar de seu. Vivemos um tempo em que o que aparentamos importa mais do que o que somos.

Quando começamos a ser assim? Quando instituíram que uma bunda empinada dentro de um vestido curto é pré-requisito para um relacionamento de futuro? Quando paramos de prestar atenção nos comportamentos retos para nos ater a barrigas de tanquinho?

Na internet pipocam textos sobre homens galantes e românticos, mulheres charmosas e boas companheiras. Você compartilha todos eles. Você comenta "perfeito!" ou "#fato" quando um amigo divulga as palavras mágicas que definem o caminho dos romances bem sucedidos. Clarisse Lispector, Caio F. Abreu e Tati Bernardi nunca estiveram tão em voga. Tudo isso chega até você em uma onda de informações que quase te afogam. Mas a minha pergunta é: o que você leva de tudo isso? Como aplica o que essas pessoas bacanas escreveram?

Morro de tédio dessa gente que acha lindo o palavrório sobre amor, mas não o põe em prática. Que prega fidelidade, mas beija 500 meninas numa noite. Que levanta a bandeira contra a "cafajestada" masculina, mas que na dúvida entre três caras vai experimentando pra ver com quem tem mais química.

Mudam-se as palavras, mas não os comportamentos. A gente não precisa que nos ensinem como amar e ser amado. Um bom relacionamento não depende só da intensidade do sentimento que se compartilha. Depende mesmo é do respeito mútuo.

É esse respeito que define o caráter de quem você quer ao seu lado. Não adianta o cara abrir a porta do carro para você e não aceitar quando você quiser usar aquele seu decote um tanto extravagante uma vez na vida. Como lidar com uma mulher que trata sua família com o maior carinho, mas que te critica para as amigas porque você é garçom?

O que as pessoas precisam entender é que quando se escolhe alguém para dividir a vida, a opção única é o pacote completo. Você não pode apagar os seus defeitos e não tem o direito de pedir isso para o outro. Idealizar é o caminho mais curto para se envolver com pessoas que nunca serão suficientemente boas para você. Criamos expectativas e moldamos o ser cobiçado. E quando a convivência chega, trás com ela as decepções.

Por essas e por outras que o que busco pra minha vida é menos superficialidade e mais intimidade. Menos padrões pré-estabelecidos e mais personalidade. Quero menos primeiras impressões e mais oportunidades.

Quero alguém que me ame pela minha inteligência e meu rostinho bonito. Mas que também me ame pelo meu corpo acima do peso, pelo meu cabelo curtinho e estiloso, pelos meus surtos de péssimo humor matinal, pelas minhas más respostas nos momentos de raiva, pela minha tagarelice quando estou nervosa e pelo meu silêncio quando estou tímida. O respeito nasce quando se admira as qualidades de alguém, mas sobretudo quando se aceita os defeitos.

Por um mundo com menos carão e mais carinho!

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