terça-feira, dezembro 11, 2012

o que eu faço com você?




Você aparece e eu viro outra! Ansiosa, agitada, olhando para todos os lados. Quase arranco a orelha de tanto mexer nos brincos. E quase abro feridas na nuca de tanto arrumar a parte de trás do cabelo. 

Acontece que muitas partes do meu corpo gostariam de se apresentar a outras tantas parte do seu corpo. Por sua causa, perco o assunto e começo a responder de forma monossilábica. Pessoas param de me incluir nas rodas de papo. 

Se eu estivesse meio bêbada, arrumaria um belo pretexto para falar com você, ao invés de me colocar na reta do seu olhar ou no seu caminho até o banheiro. 

Mas auto controle é como um trabalho de faculdade que você  gasta horas escrevendo no computador e que uma queda de luz pode jogar no lixo de forma devastadora.E tem mais... passei trinta anos lapidando essa minha personalidade! Quem você pensa que é para colocá-la na corda bamba de forma tão descarada?

Um dia eu te mostro como as coisas tem que funcionar entre nós. Chego onde você está, passo pelas pessoas sem olhar pro lado, te puxo pelo cós da calça e cochicho no seu ouvido o quanto me deixa louca. 

Tão louca que me irrita. Que diabos! Tudo em você me arrepia. A começar pelos seus olhos e como desvia do meu olhar. Seu corpo deve ter gosto de kiwi... suculento e a mistura perfeita entre o doce e o azedinho. E, olhando daqui, já sinto seu cheiro. Sempre levemente másculo e sedutoramente sutil. 

Cada vez que sua imagem me vem a mente, penso em manhãs preguiçosas de domingo acordando com o rosto apoiado no seu peito. E como a minha imaginação pode me trair assim? Eu quero sexo. E ela quer romance. Haja estrutura para conservar a sanidade. 

O problema é que não vou fazer nada. Aliás, vou manter a frieza no semblante e despreocupação na voz sempre que falar com você. Já que me dá a sensação de nunca me ver como uma futura conquista... muito menos minimamente atraente. Prefiro pensar que você é um babaca!!! Mesmo sabendo que não é! 

Ahhhh! Que se dane! Vamos imaginar a possibilidade de você ser totalmente bacana. E gentil. E que vai conquistar minha mãe com um sorriso. Aliás, haja imaginação.

Vira e mexe me pego atualizando longos diálogos entre nós. E tento prever todas as suas reações. E tento lembrar quem são seus amigos e quais foram todas as vezes em que nos encontramos. E revejo nossa total falta de proximidade. E ainda assim, tudo parece atraente! 

É tudo misteriosamente sedutor. Como não querer você? Esses olhos incrivelmente honestos! E a boca convidativa. E a insuportável mania de falar 500 vezes menos do que eu. Até essa timidez velada e essa capacidade destruidora de sair pela tangente soam sedutoras. 

Sabe o que poderia acontecer se, por um milagre divino, eu tivesse a chance de ter uma noite inteira só com você? Te pouparia das preliminares - tão super valorizadas - e as dedicaria a seu prazer. Ou iria direto ao assunto e que você fizesse de mim o que bem entendesse... porque a essa altura, haja controle da libido. 

E eu não sou de me entregar aos poucos. Que a gente se pegue com tudo... ou com nada, caso eu caia da cama e acorde desse delicioso sonho erótico. 


E haja assunto interessante para trocar com os amigos enquanto você cumprimenta todo mundo e chega cada vez mais perto. Concentração vira lenda nessas horas. Tem que ter uma solução menos chocante do que um banho de água frio ou o uso de ilusões amorosas para esse problema que você vem me causando!

Tô naquele ponto de vasculhar a mente atrás de qualquer lembrança tosca que diminua o meu tesão.

O vocalista dessa banda desafinando minha música favorita. Uma piriguete pisando com o salto quinze no meu pé. Você me ajudando a sentar e elogiando meu tênis. Sua mão na minha coxa enquanto chega mais perto pra ver se meu pé tá inchado. Eu arrepiando com o calor da sua mão.

DROGA! Que descontrole! Se concentra, Tatiana. Mais uma tentativa.

Meu vestido preferido no lixo por causa de uma queimadura de ferro. Alergia à nova coleção de esmaltes. Perder um dos brincos que acabei de comprar. Alguém me sacudindo pra me acordar. Eu abrindo os olhos, com um palavrão engatilhado na ponta da língua, dando de cara com você. Minha nuca arrepiando com sua respiração no meu ouvido. Você sussurrando que sexo pela manhã cura mau humor matinal. Você se embolando no coberto que está entre nós, enquanto eu perco o ar de tanto rir da nossa afobação desastrada. 

QUE SACO! De novo eu me perdi nesses pensamentos sacanas... acho que estou passando dos limites aqui! Daqui a pouco tô gostando de você e ninguém está entendendo mais nada! Nem eu!

2 comentários:

  1. Sempre ótimo, esse texto é muito real. A maioria das mulheres vai se reconhecer em várias passagens!

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  2. Então tô me dando bem na intenção... rsrs Os textos são autorais, são baseados na minha vivências, mas a vontade maior é que as pessoas se vejam aqui e lembrem que não são as únicas que vivenciam certas situações! E que dá pra ser otimista!

    Aproveitar pra agradecer os elogios de sempre!

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