sábado, setembro 04, 2010

Eram os novos tempos


Os prédios se erguiam rumo ao céu negro, pouco estrelado devido à poluição comum às cidades grandes, pelas ruas apinhadas de pessoas, muitas celebrando sabe-se lá o que nos diversos bares comuns naquela região, caminhava uma figura que destoava daquela paisagem.

A madrugada avançava a passos largos em direção do amanhecer e com ela uma figura, portando inúmeros livros – alguns romances, uns dois de filosofia e um jornal de notícias velhas e sem muito sentido àquela hora. Já havia bebido boas doses de álcool e vinha fumando alguns cigarros e por alguma razão sentia-se deslocado, não sabia o porquê já que era um típico exemplar daquela fauna: fanfarrão, boêmio no sentido mais amplo da palavra.

O cérebro não parava, suas reflexões mudavam na mesma velocidade que seus passos, acreditava que aquele fenômeno era mais um sinal dos novos tempos. Tudo estava muito rápido e como todos os jovens da sua geração havia se adaptado muito bem a esse cenário, logo os seus pensamentos estavam mais ágeis e como consequência imediata mais vazios. A princípio veio à revolta, depois a conformidade: não havia nada a se fazer contra os novos tempos.

A muito o mundo já não era mais o mesmo. Costumava se gabar por não ser um saudosista, sabia que as coisas tinham que evoluir e aceitava essa mutação muito bem, mas naquela noite sentia falta de um pouco mais de árvores, um pouco mais de animais, um pouco mais de tempo.

Parou em frente à portaria de seu prédio e antes de entrar tentou recapitular todos aqueles pensamentos, talvez tivesse bebido demais ou fumado demais. Bom, naquele momento aqueles fatos já não importavam, sabia que no dia seguinte não lembraria daquela breve reflexão, o que definitivamente eram sinais dos novos tempos.

Um comentário:

  1. Quem dera poder juntar todos os fatos, todas as idéias antes de chegar em casa. Armazena-las, para quando acordar, voltar a pensar, a raciocinar. Pois são sempre melhores idéias, as melhores viagens. Mas as vezes ficam esquecidas. Pois a noite, foi de cigarros e bebidas.

    Gostei demais do seu texto...

    Abraços!!!!

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