sábado, dezembro 03, 2011

eu, eu mesma e o mar


Me dei um tempo da vida. Segui os conselhos de uma amiga e fui cuidar da minha cabeça. Larguei uma cidade mineira de interior, os problemas e uma semana chuvosa. Fui buscar abrigo no ombro de um amigo. E também paz de espírito andando descalça na areia, sentindo o cheiro da maresia, embaraçando os cabelos no vento frio e lavando a alma em longos banhos de mar.

Durante alguns dias eu lembrei o que era ficar sozinha comigo mesma e só! Sentada na praia revi uma vida inteira, literalmente.

No primeiro dia, pensei em umas dez pessoas que gostaria que estivessem ali comigo... era tanta beleza, que me sentia no direito de dividir com alguém... cada um por um motivo diferente.

O amigo que me acolhia (que acabou aproveitando pelo menos um dia). As amigas com quem eu queria ficar esticada na areia falando dos caras gatos que passavam por ali. Os irmãos com quem, certamente, eu estaria tomando incontáveis cervejas geladas. O cara que toda hora vinha na minha cabeça... Uma pessoa do passado que nunca viu o mar... a quem eu prometi essa experiência e nunca pude cumprir...

No segundo dia, poucas dessas pessoas continuaram vindo na minha cabeça. No terceiro dia só um cara ainda povoava a minha imaginação... Foi aí que eu me perguntei: "peraí, Tati! Porque você só consegue se ver num lugar desses sozinha?"

Ora, pois! E não é que era isso mesmo... eu tinha aproveitado tudo o que a praia tinha pra me oferecer, sim! Mas sempre pensando: "mas se Fulano estivesse aqui comigo..." E ele não estava... ninguém estava...

E eu ali, de frente para aquele mar incrível! Sozinha! Por opção! E sabe de uma coisa, descobri que me bastava. Eu realmente não precisava que outra pessoa estivesse ali comigo. Eu estava de frente para o que mais me fascina no mundo: o mar!

Depois disso, eu sentava e passava horas olhando a arrebentação. Ouvindo as ondas quebrando. E sabe o que vinha na minha cabeça? Como é tão fácil eu me sentir feliz... e como eu tenho me esquecido disso!

São tantas as vezes em que esqueço de mim em prol dos outros. É a carreira que insisto em seguir, mesmo não dando em muita coisa. São os amigos que acabam exigindo demais e eu cedendo. São as pressões de todos os lados as quais acabo sucumbindo. São as idéias que estavam enrijecendo na cabeça.

Esse tempo que passei comigo foi o que me fez mudar os planos, mudar o visual, mudar a forma como lido com as pessoas e mudar os conceitos de vida.

E sabe o quê? O importante é saber que mudar de postura, de pensamento e de idéias é uma das qualidades mais louváveis em uma pessoa. Quem não muda, não evolui!

Um comentário:

  1. "Como é tão fácil eu me sentir feliz... e como eu tenho me esquecido disso!" Você não é a única que esquece. Também amo o mar e gostei muito do seu texto. Que bom que você aproveitou a viagem.
    Beijos!

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