segunda-feira, setembro 02, 2013

Divagações #2



A brisa fria da noite entrava pela janela. Sentado em um canto Ele se perdia em seus pensamentos, que nas últimas semanas inundavam a sua cabeça. A mente agitada era a sua única companheira naqueles dias. Em sua frente o cinzeiro já se enchia de tocos de cigarro, mas entre um gole e outro de uísque era inevitável não se entregar aos prazeres de uma baforada. Era a forma que encontrou para pontuar os seus pensamentos tão conturbados.

A vida sempre sai do nosso controle – se é que em algum momento temos o domínio da cadeia de acontecimento que nos envolve – e nos escapa justamente quando menos esperamos ou quando estamos convictos de que estamos no caminho certo. Essa somente uma das ironias que no cercam. E o que há de se fazer a não ser estar em constante adaptação para que possamos seguir em frente.

Um gole e um trago. Essa era a dinâmica daquela noite. Foram meses intensos e era preciso dar uma parada, sentar em uma mesa, ouvir boa música e tomar um porre. Sozinho. Ele e os seus pensamentos. Depois do baque recebido nos últimos dias tudo o que precisa era dedicar um tempo pra ele. Colocar a cabeça em ordem para depois olhar pra frente.

Por mais que seguisse com os dias atribulados no final de tudo o seu pensamento sempre voltava a Ela. Sabia que não devia. Mas não tinha como escapar. Algumas coisas simplesmente são difíceis de deixar ir embora e por mais que tente não se pode abrir mão facilmente. Por isso o olhar estava sempre voltado à porta deixada aberta.

Nessas horas os pensamentos são difíceis. E tudo é bastante dolorido. Mas aos poucos a cabeça vai se ajeitando, o coração aprumando e o que é necessário para continuar o seu caminho começa a aparecer. O que acontecerá só o tempo dirá. Mas o certo é que me algum momento haverá paz. E é tudo o Ele mais deseja. Enquanto a calmaria não vem mais uma dose é bem vinda.

E a cada gole que dava o olhar se dirigia à porta ainda aberta. E esperava. Em algum momento ela tem que fechar. Mas somente depois que ouvisse o barulho dela batendo é que teria a certeza: Ele já não mais se importava. 

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