sábado, março 23, 2013

corta o conto!


Dias desses um amigo veio elogiar os textos do blog. Minha felicidade foi dupla! Elogio é sempre bom e homens lendo esses escritos é incrível. E me "encomendou" um tema pra o próximo... e aqui estamos nós! Esse é inspirado na história dele, mas não quer dizer que também não é a minha ou a sua. Afinal de contas, quem nunca passou por isso?

O meu amigo é um homem dos melhores. Doce, gentil, disponível. Se jogou numa relação com uma moça que se dizia maltratada pelo ex. Aquela velha história que todas nós já contamos pra alguém: "ele não me valoriza, não me faz bem, a gente vivia terminando, eu não mereço alguém assim..."

O que ele fez? Sim, tudo que o outro cara não fazia ou deixava a desejar. Deu carinho, deu atenção! 
E o que ela fez? Fez com ele o que o outro fez com ela. Pisou, maltratou, dispensou. 
E como ele reagiu? Se sentindo enganado, usado. 
Já ouviu isso antes? Então...

A gente fica aqui, no alto dos nossos direitos femininos de reclamar da cafajestada masculina, esquecendo quantas vezes agimos pior ainda. Gente, ninguém gosta de ser usado como estepe. Isso é injusto.

A ordem natural das coisas é largar no passado o babaca que tanto te fez sofrer, agarrar o fofo que tá fazendo de tudo pra te fazer  esquecer e ser feliz... Não é uma opção abrir mão da felicidade porque acha que o ex pode mudar! Não vai acontecer. E além de terminar sofrendo mais ainda, ainda vai deixar passar uma bela oportunidade de ter com você quem valha a pena!

Nós mulheres e essa nossa mania de achar que todo sapo pode virar um príncipe encantado... na boa, a gente tem que crescer! E deixar os contos de fadas na infância!

Você cresceu, amadureceu, passou por inúmeras decepções e desencantos e ainda não aprendeu que um canalha é sempre um canalha? Quantas vezes ainda pretende quebrar a cara? Amor próprio nunca fez mal a ninguém!

Se você quer alguém te respeitando, se dê ao respeito e respeite os outros! A gente não pode exigir o que não dá... quer carinho, dê carinho. Quer amor, dê amor. Quer sorrir pro celular quando recebe um mensagem inesperada, surpreenda a pessoa. Ação e reação também ser aplicam aqui!

quinta-feira, março 14, 2013

Caminhada noturna #1



Um blues antigo enchia o ambiente. Sentado ali em um canto do extenso balcão concentrava em seu copo de bourbon - que o garçom lhe garantira era original. Nesses momentos em que podia dedicar algumas horas apenas aos seus pensamentos tinha certeza que as solitárias notas do blues podiam ser entendidas em sua completude. Esse tipo de ilusão o divertia, pois, apesar de qualquer devaneio, carregava a certeza de que nada poderia ser entendido inteiramente. Enfim algumas gargalhadas.

Gostava daquele lugar. Mesmo com todas as determinações contra, ali ele podia fumar sentado em seu banco e sem ser incomodado pelas patrulhas que se esforçavam dia após dia para dar alguma moralidade a esse mundo. Trabalho em vão, isso - achava - é sabido. E de novo se pegava rindo. Sentia falta desses momentos em que os pensamentos lhe guiavam pela diversão, mesmo que ela só fizesse sentido para ele.

Nos últimos tempos as coisas tinham sido diferentes. Era comum perceber pensamentos que lamentavam alguma falta. Sabia que tinha deixado alguma coisa para trás e que agora sentia a sua necessidade. Já não se dedicava a escrever. O computador se mantinha constantemente desligado e o caderno de anotações a muito tinha sumido. Havia perdido essa vontade justamente no dia que a inspiração o deixou. Novas gargalhadas e a noite se mostrava promissora. Em que momento nessa longa vida havia tido alguma inspiração - ou sido inspirador.

Ao virar aquele copo de bourbon tinha como objetivo afastar tais pensamentos. Ao primeiro copo se seguiu vários outros. E o cinzeiro desaparecia em um monte de tocos de cigarros. Estava decidido a deixar os devaneios abandonados em algum canto. Esse era o seu objetivo ao sair de casa naquela noite. Pretendia, ao retornar, sentar no computador e deixar-se escrever algumas linhas, mesmo que breves.

Mais alguns copos. O plano inicial já não fazia mais sentido. Começava a achar que aqueles pensamentos estavam ali apenas para lembrá-lo do que havia sido um dia e daquilo que pode vir a almejar. Ao acender mais um cigarro defendia a tese de que a vida deveria ser vivida como construção de um bom texto: frases curtas e diretas. Ao olhar para aquela fumaça a sua frente sabia que naquele momento lhe restava apenas um porre. Não tinha como discutir com as circunstâncias. Mais uma dose!

segunda-feira, março 11, 2013

e não é o tudo!


Todo mundo tem uma música a qual recorre sempre que o medo de morrer sozinha conquista lugar naqueles pensamentos noturnos, que precedem o sono, quando a gente se prepara para dormir. 

Foi na voz de Jovelina Pérola Negra que ouvi pela primeira vez a música a qual recorro quando minha vida amorosa não faz sentido nem pra mim!

Ela diz: "foi ruim demais, mas pensei depressa numa solução para a depressão. Fui ao violão, fiz alguns acordes. Mas pela desordem do meu coração, não foi mole não, quase que sofri desilusão. Logo eu, com meu sorriso aberto... Malandro desse tipo, que balança mais não cai, de qualquer jeito vai ficar bem legal para nivelar a vida em alto astral!"

E assim, essa malandra aqui relembra que seu tipo de atitude é o de nivelar a vida por cima! E quando a gente espanta os medos, tem sempre a tendência a reajustar as certezas sobre si mesma! E adivinha quem precisou dar uma atualizada em si mesma?

Estou aqui lançando um novo olhar sobre a minha pessoa e refrescando a minha memória de como cheguei até aqui e em quem me transformei. Auto estima alta, amores! É sobre isso que se trata esse texto. Então paciência com o meu egocentrismo momentâneo. Não posso escrever textos que ajudam vocês a serem melhores sem que eu me sinta melhor antes!

Vamos deixar uma coisa bem clara aqui, eu sempre tive uma personalidade feminina atípica. Sim, eu gostava de bonecas. E de me pentear. Usei laços enormes nos cabelos impecavelmente lisos e penteados. Eu era uma menininha simpática e faladeira. Fofa mesmo. Mas não fiz balé, nem teatro. Largava qualquer boneca pra brincar de polícia e ladrão. Ainda tenho marcas de queimaduras de cano de descarga de moto, ferro de passar roupa e até de um tabuleiro de bolo recém saído do forno. Entendo de futebol, sei alguma coisa sobre carros e gosto tanto de filmes de amor quanto de ação (se bem que "Duro de matar" ganha fácil de "Titanic"... e Deus salve Indiana Jones!).

A verdade é que minha mãe me mostrou que força e feminilidade andam juntas! Assim virei uma mulher cheia de personalidade e opinião própria. 

Não fujo às regrinhas de ouro das mulheres. Morro de pavor de qualquer inseto/réptil/anfíbio existente no mundo, fui treinada para ser uma boa dona de casa, gosto de andar bem vestida, cheirosa e maquiada. Fico louca numa loja de sapatos, me sinto insegura em relação aos homens que me encantam, flores me conquistam, gosto de surpresas e SMS's banais me fazem sorrir.

Ao mesmo tempo, consigo abrir sozinha um vidro de palmito! Quero ter independência me dedicando ao jornalismo em mais de 8 horas exaustivas de trabalho. Sou uma negação quando a prioridade é academia, dieta e cremes hidratantes. Não vejo sentido em joguinhos de conquista. Se estou afim, ligo. Se tenho dinheiro, pago a conta. Acredito em sexo casual, sem cobranças e com tesão.

O que eu tenho que me fazer entender, diariamente, é que oscilar entre minha feminilidade - às vezes - contida e minha agressividade - hora ou outra - exagerada me fizeram única. Sim! Eu tenho que me convencer de que sou interessante e atraente. Não que eu não ache... mas é normal esquecer em algum momento.

Não é um problema se questionar sobre isso. A gente se acostuma a ser como é e esquece que renovação exige mudança. Se apegar a velhos costumes e comportamentos te dá referências de como você chegou até aqui, mas pode te sabotar na hora de ir mais longe. Abrir mão das certezas pode ser doloroso. E todo mundo sabe que não é fácil. Mas a gente caminha mais leve quando abre espaço pra corrigir os próprios erros.

E dar a minha cara a tapa, escrevendo nesse blog, tem sido reconfortante e pacificador. Ajuda a minha "nada-confiável" memória nos momentos (rápidos) de crise e a me colocar de volta no prumo.

E mais, as palavras "atitude", "encantamento", "gentileza", "charme", "educação" e "inteligência" se aplicam (sim!) a mim. E todas elas são a minha beleza. É nisso que acredito e é isso que busco nas pessoas que quero manter perto de mim. 

Mais carinho e menos carão. 
Mais naturalidade e menos esteriótipos. 
Mais vontade de se mostrar e menos vontade de usar rótulos. 
Mais simplicidade e menos enrolação.

Porque é esse tipo de ser humano que tenho me esforçado para ser. E tem sido ótimo e libertador! Portanto, sejamos todos assim!

Gabito Nunes diz o seguinte: "e estou pouco ligando, na verdade. Muito cedo eu aprendi a perder. E me saí bem, eu acho. Tanto que talvez eu não saiba fazer outra coisa." E eu completo, perdi tanto e tantas vezes que provavelmente chegou a hora de começar a ganhar! (sem tirar meu sorriso está no rosto!)